quinta-feira, 31 de julho de 2008

Gralha Azul

A Gralha Azul (Cyanocorax caeruleus) é um ícone do Paraná, semeadora do pinheiro paranaense (Araucária angustifolia), foi declarada ave símbolo do Paraná pela Lei Estadual n. 7.957 21 de novembro de 1984:
Art. 1º. - É declarada ave-símbolo do Paraná o passeriforme denominado Gralha-Azul, Cyanocorax caeruleus, cuja festa será comemorada anualmente durante a semana do meio ambiente, quando a Secretaria da Educação promoverá campanha elucidativa sobre a relevância daquela espécie avícola no desenvolvimento florestal do Estado, bem como no seu equilíbrio ecológico. Desde modo, a gralha azul como a árvore araucária, passaram a morar não só na natureza, mas também no coração de todos os paranaenses.
A secretaria de Educação do Estado do Paraná publicou uma cartilha com 21 páginas em 1988, distribuída a todas as escolas da rede municipal e estadual, na qual são divulgadas em nível popular, um volume razoável de informações científicas sobre a gralha azul. Trata-se da primeira iniciativa neste sentido em que são fornecidas informações sobre o habitat natural, os deslocamentos na floresta, a alimentação, o sistema de comunicação, a reprodução e a relação com a araucária. A Secretaria do Interior, Agricultura, Planejamento, Saúde e Bem-Estar Social lutam em um esforço conjunto pela defesa do meio ambiente propiciando assim, o direito à vida e proliferação desta ave, principalmente no que se refere à araucária Araucaria augustifolia.
A Gralha Azul é encontrada nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, e também no Paraguai.
Medindo aproximadamente 40 cm, do bico à cauda, de vôo lento e majestoso, a gralha azul, é uma das grandes aves brasileiras. Ela vive em bandos geralmente de 4 a 9 indivíduos, evita cruzar longos espaços abertos como o campo, por exemplo. As gralhas possuem um comportamento de auxílio mútuo no qual umas limpam a plumagem das outras.
Conta uma lenda que "a gralha-azul é pássaro previdente. Em tempos de abundância de pinhões enterra alguns deles para, na época de escassez de alimento, ter o que comer. Acontece que costuma esquecer os lugares que usou para armazená-los e, assim, nascem novos pinheiros. Por esse motivo não devemos matá-la ou aprisioná-la, pois, ela é importante na recomposição das florestas destruídas". Nos campos de vegetação rasteira formam-se galpões de pinheiros graças à Gralha Azul, que gosta de enterrar os pinhões em lugares úmidos. Ela é capaz de "plantar" 3.000 pinheiros por hectare.
A Gralha Azul, antes mesmo de se tornar ícone paranaense, já era consagrada e perpetuada pelo povo, como plantadora de pinhões. Em conseqüência destas crenças no imaginário popular, inevitáveis abstrações se fizeram presentes.A primeira publicação de Lenda da Gralha Azul deve-se a Eurico Branco Ribeiro, que bem a representou em seu livro "A Sombra dos Pinheirais", no ano de 1925. Também foi elemento divinamente explorado pelas artistas plásticas: Clotilde Cravo (pinturas no acervo do Museu Paranaense, em Curitiba) e Poty Lazzarotto (painel exposto na Travessa Nestor de Castro em Curitiba), dentre vários outros. Posteriormente o folclorista Luiz da Câmara Cascudo a eternizou em sua majestosa lenda.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

O SACI E A PERNA DE PAU

Conta-se que numa noite, há muito tempo atrás, em que outros homens se divertiam jogando e bebendo, um deles, chamado Felício, resolveu dar umas voltar e se deliciar com o luar. Sentou-se num grosso tronco de ipê, a beira do riacho e começou a preparar um "pito". Foi quando ouviu uma vozinha:
- "Moço, tem um pouco de fumo aí?".
Pensando que fosse um de seus amigos, virou-se p
ara responder, quando deu com o Saci. Ele lhe sorria segurando um cachimbinho vazio.
Felício, ficou branco, depois verde, um arco-íris de cores, tamanho foi seu susto. Quis gritar, mas sua voz sumiu por encanto, ou medo mesmo. O Saci chegou mais perto e disse:
- "Não tenha medo, meu amigo. Só quero um pouco de fumo."
Felício faz um esforço danado e tira do bolso um pedaço de fumo.
- "Aqui está!". Diz ele ao Saci, mal conseguindo balbuciar as palavras.
- "Assim não serve. Respondeu o diabinho. "Tem que ser picado, pois não tenho canivete".
Com medo de irritar o Saci, o pobre homem tratou de fazer rapidinho o que ele lhe pediu. Depois, com muito sacrifício, Felício deu o fumo ao Saci.
- "Encha o pito!"
- "Agora acenda!". Ordenou ele.
O Saci passou então, a dar baforadas de satisfação. Passados alguns minutos, o danadinho chegou mais perto e perguntou a Felício o que estava fazendo tão longe de casa. Felício explicou então que trabalhava com madeiras e foi contando sua história... No final o Saci deu uma grande risada e disse:
- "Madeira, não é mesmo? Pois é justamente o que eu estava procurando..."
- "Mas para que?" Pergunta Felício.
- "Olhe, pois vou lhe confessar uma coisa, as vezes tenho muita vontade de ser como as outras pessoas e ter duas pernas, entende?
- "Ah!". Respondeu, compreendendo a intenção do Saci. "Você quer que eu lhe faça uma perna de pau, não é mesmo?"
- "Pois é isso mesmo e te darei três dias para que esteja pronta, senão não darei sossego a você e seus companheiros!" Em seguida saiu pulando e sumiu no meio do mato.
Felício voltou ao seu barracão e contou aos companheiros o acontecido. Uns acreditaram ,outros acharam que tinha bebido demais.. Até que Felício acabou esquecendo o caso. No terceiro dia, conforme prometido, quando os homens estavam em pleno trabalho, eis que um menino de gorro vermelho surgi à porta do barracão. Quando deram com ele..vocês nem podem imaginar..uns empurravam os outros, caiam, levantavam-se e acabaram saindo todos pela abertura da janela. Apenas Felício ficou lá, estarrecido! Daí perguntou:
- "O que você quer?"
- "Ora, ora. Então não sabe? Vim buscar minha perna de pau, lembra-se? Não vá dizer que ainda não está pronta?"
Felício gaguejou, atrapalhou-se todo até que consegui dizer que ainda não estava pronta. O Saci xingou, esbravejou, mas acabou indo embora com a promessa que tudo estaria pronto dentro de mais três dias.
Felício saiu atrás dos homens. Gritou um tempão até conseguir reunir todos. Eles não queriam ficar mais no barracão. Não queriam nada com o Saci. Ajudar a fazer a perna dele? Nem sonhando! Mas acabaram concordando, pois era a única maneira de se livrar do diabinho.
Trabalharam com afinco. No dia marcado, o Saci voltou e ficou muito contente. Todos suspiraram aliviados. Mas pensam que a estória acaba assim? Que nada! Ele falou que desejava uma perna para cada Saci de sua família. Não esperou resposta, deu um assobio e logo o barracão ficou cheio de sacis. É claro que Felício ficou sozinho! Não vendo outra saída, ele concordou em fazer as pernas de pau, mas ia levar anos. Quis saber então quais os Sacis que iam ser atendidos primeiro. Aí sim o tumulto foi grande, ninguém queria ser o último.
Foi quando Felício teve uma idéia. Ele viu uma enorme arca que haviam trazido para deixar no rancho e mentalmente resolveu a situação.
Dirigiu-se ao Saci-chefe:
- "O melhor modo de resolver quais serão os primeiros é este..." Pegou um punhado de feijão e esparramou no fundo da arca. Depois disse que quem pegasse mais grãos seriam os primeiros. Todos os Sacis concordaram e mergulharam na arca. Mas Felício havia esquecido do Saci-chefe. Foi quando então tirou-lhe da mão a perna de pau e atirou-a dentro da arca. O Saci nem piscou e também se jogou dentro da arca. O Felício então fechou-a. Chamou os homens e levaram a arca o mais longe possível. Desde então nenhum Saci apareceu mais por aquelas bandas.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Lenda dos índios acerca do Saci

Um tuixaua tinha dois filhos. O tio odiava os sobrinhos e convidou-os para ajudá-lo em uma derrubada de árvores para fazer um plantio. Os dois sobrinhos aceitaram.
Chegando na floresta, o tio embriagou os jovens e os assassinou por pura maldade.
Depois um dos assassinados perguntou ao outro:
-"Eu tive um sonho muito estranho e tu o que sonhaste?"
-"Sonhei, diz o outro, que nos lavávamos com carajuru".
-"O mesmo sonhei eu".
E resolveram voltar para a casa da avó. Vendo-os, a velha já ia aquecer o jantar, mas os dois netos disseram:
-"Ah! nossa avó, nós não somos mais gente, e sim só espíritos. Assim, sendo, nós teremos que te deixar, mas quando ouvires cantar: Tincauan...Tincauan!...foge para casa. Mas quando cantarmos: Ti....Ti...Ti...., então nos reconhecerás.
Ficaram os jovens, desde então, mudados em dois pássaros de agouro, de mistério e de morte. Um é Saci, o outro é o Matintaperera. Ambos nascidos de uma tragédia, só espalham desgraças e semeiam pavores.
Impondo-se à crendice popular como um pássaro possuído pelo demônio, o Saci, adquiriu feições de gente e à noite vagueava pelas estradas, cantando e assobiando.
Contam que nos tempos coloniais, quando se avistava uma moça magra, triste, pálida, logo diziam:
- "Isso é obra de Saci", porque, segundo os velhos colonos, as moças se apaixonavam por ele, sendo a morte a conseqüência inevitável desta paixão. Daí as quadrinhas consagradas no folclore popular:
"Menina, minha menina,
Quem te fez tão triste assim?
De certo foi Saci
Que flor te fez do seu jardim."
Sua imagem e sua lenda, sofreram transformações quando em contato com elementos africanos e europeus. Suas características comportaram muitas variantes. Cada qual o vê a seu modo. De suas diabruras foram narradas coisas espantosas. Não se têm conta do número de molecagens e sortilégios que o diabinho infantil praticou. À noite dava nó na crina dos cavalos, roubava os ninhos das galinhas, cuspia nas panelas quando a cozinheira era preta, deixava as porteiras abertas, assobiava como o vento nas janelas e nas portas, etc.
O cavalo era uma das suas vítimas preferidas. Segundo a crendice popular, o Saci corre as pastagens, lança um cipó no animal escolhido e nunca errou, trança-lhe a crina para amarrar com ela o estribo e, de um salto, ei-lo montado. O cavalo toma-se de pânico e deita a corcovear campo a fora, enquanto o Saci lhe finca o dente no pescoço e chupa seu sangue.
Uma curiosidade em relação ao Saci-Pererê é que ele pode tornar-se invisível com o uso do sua carapuça vermelha. Contam alguns, que onde se forma um redemoinho de vento que levanta muito poeira (pé de vento), é certo que dentro dele há um Saci. Para capturá-lo, deve-se jogar dentro dele um rosário ou uma peneira. Todo o Saci, como todo o diabinho, tem horror de cruz. Já outros, afirmam que ele usa um barrete feito de marrequinhas (flores da corticeira) e é o Saci que governa as moscas importunas, as mutucas e os mosquitos.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

SACI-PERERÊ

É um duende idealizado pelos indígenas brasileiros como apavorante guardião das florestas. A princípio ele era um curumim perneta, de cabelos avermelhados, encantador de crianças e adultos que perturbava o silêncio das matas.
Em contato com o elemento africano e a supertição dos brancos, recebeu o cognome de Taperê, Pererê Sá Pereira, etc. Tornou-se negro, ganhou um gorro vermelho e um cachimbo na boca. Em alguns lugares, como às margens do rio São Francisco, adquiriu duas penas e a personalidade de um demônio rural que faz travessuras e gosta de enganar pessoas. É o famoso Romão ou Romãozinho.
Na zona fronteiriça ao Paraguai ele é um anão do tamanho de um menino de 7 a 8 anos, que gosta de roubar criaturas dos povoados e largá-las em lugar de difícil acesso. Talvez devido aos vestígios culturais trazidos pelos bandeirantes em suas andanças pelo sul do Brasil, o saci mineiro recebeu, além dessas qualidades do "Yaci-Yaterê" guarani, um bastão, laço ou cinto, que usa como a "vara de condão" das fadas européias. Sincretizado freqüentemente como o capeta, tem medo de rosários e de imagens de santos. Quando quer desaparecer, transforma-se num corrupio de vento.¹
Através de Tio Barnabé, um dos seus personagens, Monteiro Lobato descreve o Saci-Pererê:
O saci é um diabinho de uma perna só que anda solto pelo mundo, armando reinações de toda sorte: azeda o leite, quebra pontas das agulhas, esconde as tesourinhas de unha, embaraça os novelos de linha, faz o dedal das costureiras cair nos buracos, bota moscas na sopa, queima o feijão que está no fogo, gora os ovos das ninhadas. Quando encontra um prego, vira ele de ponta pra riba para que espete o pé do primeiro que passa. Tudo que numa casa acontece de ruim é sempre arte do saci. Não contente com isso, também atormenta os cachorros, atropela as galinhas e persegue os cavalos no pasto, chupando o sangue deles. O saci não faz maldade grande, mas não há maldade pequenina que não faça.
Saci é o duende mais popular do Brasil. Sua lenda ocorre no Sul, no Centro e no Norte do Brasil.
Gozando da faculdade de se transformar, como todos os personagens elementais, ora é visto sob a forma de um pequeno tapuio, sozinho ou acompanhado por uma horrível megera, ora como um negrinho unípede, de barrete vermelho que aparecia aos viajantes extraviados na floresta, mas pode ainda, aparecer disfarçado de uma ave. Na maioria das lendas Tupis, o Saci é encontrado na forma de um pássaro. Distingue-se pelo canto, que consiste em duas sílabas: "sa-cim".
O cântico dos pássaros sempre esteve ligado ao fato da crença greco-romana dos augúrios que se julgava poder tirar-se da aparição, do vôo ou do canto das aves.Quando os Tapuias ouviam o canto do Saci, os velhos o esconjuravam, as crianças procuravam o aconchego do colo de suas mães, os pais tremem, mas não negam o fumo que espalham pelas cercas dos quintais, para que o Saci se cale e se retire, levando com que satisfazer o vício de fumar.

domingo, 29 de junho de 2008

Lenda Indígena do Curupira

Estava o Curupira andando pela floresta, quando encontrou um índio caçador que dormia profundamente. O Curupira estava com muita fome e cismou em comer o coração do homem. Assim, fez com que ele acordasse. O caçador levou um susto, mas como ele era muito controlado, fingiu que não estava com medo. O Curupira disse-lhe:
- Quero um pedaço de seu coração!
O Caçador, que era muito esperto, lembrando-se que havia atirado num macaco, entregou ao Curupira um pedaço do coração do macaco. O Curupira provou, gostou e quis comer tudo.
- Quero mais! Quero o resto! - pediu ele. O Caçador entregou-lhe o que havia sobrado, mas, em troca, exigiu um pedaço do coração do Curupira.
- Fiz sua vontade, não fiz? Agora você deve dar-me em pagamento um pedaço de seu coração, disse ele.
O Curupira não era muito esperto e acreditou que o Caçador havia arrancado o próprio coração, sem ter sofrido nenhuma dor e sem haver morrido. - Está certo, respondeu o Curupira, empreste-me sua faca. O Caçador entregou-lhe a faca e afastou-se o mais que pôde, temendo levar uma facada. O Curupira, porém, estava sendo sincero. Enterrou a faca no próprio peito e tombou, sem vida. O Caçador não esperou mais, disparou pela floresta com tal velocidade que deixaria para trás os bichos mais velozes... Quando chegou à aldeia, estava com a língua de fora e prometeu a si mesmo não voltar nunca mais à floresta. Pensou: "Desta escapei. Noutra é que não caio" Durante um ano, o índio não quis saber de entrar na mata. Quando lhe perguntavam por que não saía mais da aldeia, ele se desculpava, dizendo estar doente. O Caçador tinha uma filha que era muito vaidosa. Como haveria uma festa dentro de poucos dias, ela pediu ao pai um colar diferente de todos os que ela já tinha visto. O índio, pai dedicado, começou a pensar num modo de satisfazer o desejo da filha. Lembrou-se, então, dos dentes verdes do Curupira. Daria um bonito colar, sem dúvida. Partiu para a floresta e procurou o lugar onde o gênio havia morrido. Depois de algumas voltas, deu com o esqueleto meio encoberto pelo mato. Os dentes verdes brilhavam ao sol, parecendo esmeraldas. Conseguindo vencer o receio, apanhou o crânio do Curupira e começou a bater com ele no tronco de uma árvore, para que se despedaçasse e soltasse os dentes. Imaginem a sua surpresa quando, de repente, viu o Curupira voltar à vida! Ali estava ele, exatamente como antes, parecendo que nada havia acontecido! Por sorte, o Curupira acreditou que o Caçador o ressuscitara de propósito e ficou todo contente: - Muito obrigado! Você devolveu-me a vida e não sei como agradecer-lhe! O índio percebeu que estava salvo e respondeu que o Curupira não tinha nada que agradecer, mas ele insistia em demonstrar sua gratidão. Pensou um pouco e disse: - Tome este arco e esta flecha. São mágicos. Basta que você olhe para a ave ou animal que deseja caçar e atire. A flecha não errará o alvo. Nunca mais lhe faltará caça. Mas, agora, ouça bem: jamais aponte para uma ave ou animal que esteja em bando, pois você seria atacado e despedaçado pelos companheiros dele. Entendeu? O índio disse que sim e desde aquele momento não mais lhe faltou caça. Era só atirar a flecha e zás! O bicho caía. Tornou-se o maior caçador de sua tribo. Por onde passava, era olhado com respeito e admiração. Um dia, ele estava caçando com outros companheiros que não tinham mais palavras para elogiá-lo. O índio sentiu-se tão importante que, ao ver um bando de pássaros que se aproximava, esqueceu-se da recomendação do Curupira e atirou... Matou somente um pássaro e, como o Curupira avisara, foi atacado pelo bando enlouquecido pela perda do companheiro. De seus amigos, não ficou um: dispararam pela floresta, deixando-o entregue à própria sorte. O pobre índio foi estraçalhado pelos pássaros. A cabeça estava num lugar, um braço no outro, uma perna aqui, outra longe... O Curupira ficou com pena dele. Arranjou cera e acendeu um fogo para derretê-la. Depois recolheu os pedaços do Caçador e colou-os com a cera. O índio voltou à vida e levantou-se: - Muito obrigado! Não sei como agradecer-lhe! - Não tem o que agradecer, respondeu o Curupira, mas preste atenção. Esta foi a primeira e ú1tima vez que pude salvá-lo! Não beba, nem coma nada que esteja quente! Se o fizer, a cera se derreterá e você também! Durante muito tempo, o índio levou uma vida normal. Ninguém sabia do acontecido. Um dia, porém, sua mulher lhe serviu uma comida quente e apetitosa, tão apetitosa que o índio nem se lembrou que a cera poderia derreter-se. Engoliu a comida e pronto! Não só a cera se derreteu, mas também o próprio índio.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

CURUPIRA



O que ele faz?
Dizem que esses ruídos misteriosos que vêm da mata são causados por ele. Tolera os caçadores que caçam para comer, mas não tem pena dos caçadores maldosos, principalmente dos que matam filhotes. Quando vê um caçador que mata por prazer, judia tanto dele, mas tanto, que o coitado, se não morre, fica louco para sempre.
Para proteger os animais, ele usa mil artimanhas, procurando iludir o caçador: gritos, assobios, gemidos. A caçadora pensa que é um animal ou uma ave e vai atrás do Curupira. Quando percebe, está perdido na floresta.
Em muitos casos contados, o Curupira rodeia os caçadores que se aventuram a permanecer no mato nas chamadas horas mortas. O encantado tenta sair da mata, mas não consegue. Surpreende-se passando sempre pelos mesmos locais e percebe que está na verdade andando em círculos. Em algum lugar bem próximo, o Curupira está lhe observando: "estou sendo mundiado pelo Curupira", pensa o encantado.
Daí só resta uma alternativa: parar de andar, pegar um pedaço de cipó e fazer dele uma bolinha. Deve-se tecer o cipó muito bem escondendo a ponta, de forma que seja muito difícil desenrolar o novelo. Depois disso, a pessoa deve jogar a pequena bola bem longe e gritar: "quero ver tu achares a ponta". A pessoa mundiada deve aguardar um pouco para recomeçar a tentativa de sair da mata.
Diz à lenda que, de tão curioso, o Curupira não resiste ao novelo. Senta e fica lá entretido tentando desenrolar a bola de cipó para achar a ponta. Vira a bola de um lado, de outro e acaba se esquecendo da pessoa de quem malinou. Dessa forma, desfaz-se o encanto e a pessoa consegue encontrar o caminho de casa.
Há muitos casos também de Curupiras que se encantam por crianças pequenas, que são levadas embora por algum tempo e depois devolvidas aos pais, em geral depois de sete anos. As crianças encantadas pelo Curupira nunca voltam a ser as mesmas depois de terem vivido na floresta, encantadas pela viagem.
Quem é ele?
Ser fantástico que, segundo a crença popular, habita as florestas e é o protetor das plantas e dos animais. Uma espécie de gênio bastante comum na Amazônia. Curupira, de "curu", abreviação de "curumi" e "pora", corpo ou corpo de menino. É a "Mãe do Mato", o tutor da floresta, que se torna benéfico ou maléfico aos seus freqüentadores, segundo as circunstâncias e o seu procedimento.
Sob sua guarda direta está a caça e é sempre propício ao caçador que mate de acordo com suas necessidades. Mostra-se extremamente hostil ao que persegue e mata as fêmeas quando prenhas ou cause danos aos filhotes. Para estes o curupira é inimigo terrível. Além de ser protetor dos animais, o Curupira é considerado o Senhor das Árvores.
Entre os mitos indígenas, o Curupira é incontestavelmente o mais antigo, companheiro inseparável das crenças populares, de onde se admite a possibilidade de ser verdadeiramente indígena, senão antes legado pela população primitiva que habitou o Brasil no período pré-colombiano e que descendia dos invasores asiáticos. Por esta hipótese, teria passado dos Nauas aos Caraibas e destes aos Tupis e Guaranis. De sua existência há notícia nos primeiros cronistas da nossa formação, em Anchieta (1560), Fernão Cardim (1584), Laet (1640) e Acuña (1641).
Todos lhe celebraram as manifestações como guardião das florestas. Fatores naturais do tempo e do espaço se encarregaram de modificá-lo pouco a pouco. Assim, atravessando épocas e geografias, o Curupira foi sofrendo inevitáveis influências do meio por onde se estendeu, adquirindo novas feições e ganhando novos atributos. Para crença em geral, ele o Senhor, a Mãe, o Guardião das florestas e da caça, que castiga a todo aquele que a destrói, premiando a aqueles que não o contrariam ou se mostram solícitos e obedientes.
O Curupira, ora é imperioso e brutal, ora é delicado e compassivo, ora não admite desrespeito ou desobediência, ora se deixa iludir como uma criança. Em cada região adquiri um tipo característico, quando varia o lugar. Segundo uma crença generalizada, é o responsável pelos estrondos da floresta.
Tão variadas são as suas metamorfoses, que não é difícil vê-lo tomar a forma feminina e mesmo, a dos dois sexos, que lhe dá uma aparência andrógina. O Curupira, entretanto, sob qualquer aspecto que se apresente, sempre tem os pés voltados para trás, que são indícios para filiá-lo ao berço semítico, o qual nos refere a uma crença corrente na Ásia em "Homens com pés voltados para trás", bem como os que tinham "orelhas grandes" eram comuns.
Transplantada para solo americano, esta crença foi se modificando ao sabor das circunstâncias. Assim é que vemos surgir o Curupira sob diferentes nomes: o "Maguare", na Venezuela; o "Selvaje", na Colômbia; o "Chudiachaque", no Peru; o "Kaná", na Bolívia. Como se vê, inúmeras são suas metamorfoses e designações, conforme testemunhos e fatos colhidos na história.
Quando Curupira entra no Maranhão, não muda de nome, mas mora no galho dos Tucunzeiros e procura as margens do rio para pedir fumo aos canoeiros e vira-lhes as canoas quando não lhe dão, fazendo as mesmas correrias pelos matos onde tem as mesmas formas com que se apresenta na Amazônia. Atravessando pelo Rio Grande do Norte e pela Paraíba, toma então o nome de Caapora. Conta-se que tornou-se inimigos dos cães de caça. Obriga-os a correr atrás dele, para fazer com que os caçadores o sigam, mas desaparece de repente, deixando os cães tontos e os caçadores perdidos. Nestes locais anda sempre à cavalo, ou montando um veado ou um coelho. Consegue iludi-los sob a feição de caça e deixa-os no mato à fome e desamparo. Esta entidade é capaz de imitar a voz humana para atrair os caçadores, fazendo-os com que se percam dentro da floresta.
Como ele é?
Referido desde o séc. XVI, o curupira é descrito como um índio ágil tendo a estatura de um menino, cabelos vermelhos, dentes verdes, orelhudo, corpo peludo, pele escura e os pés às avessas, isto é, com os calcanhares para frente; suas pegadas enganam os caçadores e seringueiros, que se perdem nas florestas. Munido de fumo está satisfeito. Por outro lado, o que mais detesta é o alho e a pimenta, capaz de provocar-lhe cólera.
Em Pernambuco lá está ele com suas características. Montado em uma queixada, tem nas mãos um galho de iapekanga ou arco e flecha, trazendo consigo sempre um cão a que dão o nome de "Papa-mel". Em uma carta de 1560, o padre José de Anchieta inclui esse duende entre as aparições noturnas que costumam assustar os índios.
Para o sacerdote, que entre nós esteve quando o Brasil amanhecia, o Curupira, muitas vezes, atacava os índios nos bosques, açoitando-os, atormentando-os e matando-os. Os índios costumavam deixar penas de aves, flechas e outras coisas semelhantes, em algum ponto da estrada do sertão, quando passavam por lá, como se fosse uma oferenda e, humildemente imploravam a esse personagem, que não lhes fizesse mal.
Em Sergipe, mostra-se sempre gaiato e, brincando faz o viajante rir até cair morto. Por isso talvez, que ele é venerado como "espírito cômico". Passando pela Bahia, sofre aí uma transformação completa e não só muda de nome como de sexo, aparecendo sob a forma de "caiçara", cabocla pequena, quase anã, que anda montada num porco.
As árvores
Ao se aproximar uma tempestade, o Curupira corre toda a floresta e vai batendo nos troncos das árvores. Assim, ele vê se elas estão fortes para agüentar a ventania. Se perceber que alguma árvore poderá ser derrubada pelo vento, ele avisa a bicharada para não chegar perto dela.
Armado com um casco de jaboti bate nas árvores para ver se conservam-se fortes para resistir as tempestades. No Alto Amazonas, porém, bate é o calcanhar.Dizem que o Curupira gosta de sentar na sobra das mangueiras para comer os frutos. Lá fica entretido ao deliciar cada manga. Mas se percebe que é observado, o Curupira logo sai correndo, e numa velocidade tão grande que a visão humana não consegue acompanhar. "Não adianta correr atrás de um Curupira", dizem os caboclos, "porque não há quem o alcance".

quinta-feira, 26 de junho de 2008

FOLCLORE BRASILEIRO

A palavra folclore vem de duas palavras do idioma inglês “folk” e “lore”.
Folk quer dizer povo e lore, estudo.
Então, folclore basicamente é o estudo da sabedoria popular, das tradições e costumes de um povo.
Os fatos folclóricos de um povo são geralmente suas maneiras de pensar, agir, de sentir e quase sempre são transmitidos oralmente, ou seja de boca a boca.
Desde 1965 no Brasil, temos um dia oficial para comemoramos as nossas tradições folclóricas: que é o dia 22 de agosto, dia oficial do folclore!
O folclore brasileiro é muito rico em lendas, músicas, danças, superstições, arte e artesanato, comidas típicas, adivinhações, trava-línguas, ditos populares, brincadeiras regionais, etc.Resolvi organizar de uma forma simples as principais lendas folclóricas, assim como adivinhações, trava-línguas, brincadeiras, etc., para que a criança e o adolescente tenha um maior contato com as tradições e lendas do seu País.